Na avenida principal da cultura popular brasileira estão sendo erguidos vários monumentos sobre a obra imortal de Alcyr Pires Vermelho. As "novas gerações" estão, cada vez mais, garimpando as preciosidades enterradas no tempo, atraídas pelo brilho e pelas forças arrebatadoras de sua genialidade, criatividade e beleza.
“Canta Brasil”, foi regravada quase 50 anos depois de seu lançamento por Gal Costa, por João Gilberto e pelos nordestinos Elba Ramalho/ Geraldo Azevedo/Zé Ramalho; o mesmo aconteceu com “A Dama das Camélias” por Caetano Veloso; Nana Caymmi gravou “E Eu sem Maria”; Quinteto Violado, “Prece ao Vento”; Elba Ramalho gravou “Paris”; Elis Regina “123 Balançou”;
Rosa Andorinha foi gravada por Moacyr Franco; Bronzes e Cristais, por Tayguara; Onde o Céu Azulé mais Azul, por Alcione; Altemar Dutra gravou Esmagando Rosas; e ainda, “Tictac do meu Coração”, antigo sucesso internacional de Carmem Miranda, agora, maravilhosamente interpretada por Ney Matogrosso.
O pessoal do meio artístico considerava Alcyr um “apadrinhado dos deuses”. Lamartine Babo o considerava insuperável na arte de criar melodias; o gênio Heitor Villa-Lobos disse que era “um descobridor de melodias”; Adelzon Alves, comunicador e pesquisador musical: “cada música de Alcyr é um estado de graça, cada ritmo uma idéia melódica, uma inspiração, um contato direto com Deus, que cria tudo e nada repete; Ugo Marota, músico e arranjador: “...a música do Alcyr é brasileira em origem, por esse alcance e significado, é universal, é uma música que pode ser ouvida e apreciada em qualquer parte do mundo, por qualquer pessoa”.
E nós, aqui em nossa provinciana Muriaé, nada temos a dizer sobre Alcyr Pires Vermelho, é inacreditável o grau de desconhecimento do povo de nossa terra a respeito de sua obra e de sua importância no cenário da música popular brasileira.
Também pudera... nada aqui lembra seu nome... nenhuma praça central, avenida principal, monumento, viaduto, parque de exposições, escola, bairro ou rodoviária...nada! ou melhor...quase nada, pois existe uma rua secundária no bairro BNH com seu nome. Mas convenhamos... é pouco... muito pouco mesmo.
Talvez, se tivesse sido um político, já teriam tratado de homenageá-lo e, pela magnitude de sua importância, certamente até o céu muriaeense já teria seu nome. Mas como foi apenas o criador de “Alma dos Violinos”, “Esmagando Rosas”, “Bronzes e Cristais”, “Sandálias de Prata”, “O Meu Rio é Assim” e outras quase setecentas composições, não mereceu até hoje, nenhuma homenagem que extrapolasse o pouco ou o quase nada.
Não que Alcyr precisasse desse tipo de homenagem, mas, por uma questão de reconhecimento e justiça, para que as pessoas comuns de nossa terra tivessem o privilégio de conhecê-lo e pudessem partilhar do orgulho de serem conterrâneos desse gênio criador, um muriaeense que nunca esqueceu sua terra e que semprenos prestigiou com sua presença
FERNANDO ANTÔNIO DE OLIVEIRA
PROFESSOR DE HISTÓRIA E EDITOR